Introdução ao CEP

O Controle Estatístico de Processo (CEP) é uma metodologia simples, prática e que pode ser utilizada em diversas áreas e momentos da empresa.

Empresas que desejam que os altos padrões dos serviços ou produtos que são ofertados sejam mantidos, há a necessidade de adotar o CEP.

Quem já ouviu falar na metodologia Lean Six Sigma certamente detém algum tipo de conhecimento quanto ao Controle Estatístico de Processos já que ele é um dos métodos mais utilizados pelo Six Sigma.

Mas por que o CEP é um dos principais métodos que a metodologia utiliza?

Lean Six Sigma contém várias práticas que buscam reduzir as variações dos processos, aumentar a qualidade e fazer com que a quantidade de defeitos tenha uma redução.

O CEP tem como intuito reduzir os defeitos do serviço ou produto da empresa.

Vamos entender um pouco mais sobre esse método que tem promovido inúmeros benefícios às empresas?

Tabela de Conteúdo

O que é o Controle Estatístico de Processo (CEP) ?

CEP é a sigla para Controle Estatístico de Processo que nada mais é que uma ferramenta da qualidade.

Também pode ser definido como um método utilizado para a prevenção e a detecção dos problemas ou defeitos presentes nos processos avaliados.

Seu objetivo é fazer o monitoramento de um serviço ou produto enquanto ele está sendo produzido.

Assim torna-se possível fazer a identificação das saídas não conformes o que possibilita eliminar a causa raiz. Consequentemente, o processo é estabilizado e outras variações que poderiam acontecer são evitadas.

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É natural que pequenas variações ocorram em qualquer processo e é por isso que elas são classificadas nos seguintes grupos:

Causas de variações especiais

O processo apresenta algum desvio nas variações ou sistemáticas que não estão dentro dos seus limites.

Eles surgem em decorrência de motivos que podem ser identificados claramente dentro do processo, mas sua eliminação é totalmente possível.

Causas de variações comuns

Essas são as variações inevitáveis e aleatórias que ocorrem dentro dos limites certos. Não há uma causa sistemática para a sua ocorrência e que seja capaz de ser eliminada.

Como o CEP surgiu?

O desenvolvedor do Controle Estatístico de Processo (CEP) foi Walter Shewhart, um importante engenheiro estatístico americano do século XX.

Ele trabalhava no Bell Laboratories cujo fundador foi Alexander Graham Bell que foi o criador do telefone.

Shewhart é considerado um dos gurus da qualidade. Foi ele quem desenvolveu o gráfico de controle e o conceito do estado de controle estatístico.

Após um processo com tentativa e erro ele conseguiu aperfeiçoar seu trabalho e o formato do CEP ficou bem parecido com o que é observado atualmente.

Apesar de ter sido criado no início do século XX, esse método somente foi consolidado como uma ferramenta de controle na indústria americana em 1945.

Foi naquele ano que formou-se a Sociedade Americana para Controle de Qualidade (Economic Control of Quality of Manufactured Product).

Os países envolvidos com a Segunda Guerra Mundial estavam se reconstruindo economicamente após seu fim.

Os americanos influenciaram fortemente os japoneses e o Controle Estatístico de Processos se tornou comum nas fábricas japonesas.

Mas somente em meados dos anos 60 é que ele foi difundido em todo o mundo por Edwards Deming.

Ele aplicou esse método no ciclo PDCA e obteve resultados impressionantes. Atualmente, o Lean Manufacturing faz uso desse método tão importante.

Principal objetivo do CEP

O Controle Estatístico de Processo (CEP) possui como principal objetivo reduzir ou eliminar as possíveis causas das variações.

Assim, quando o processo é observado elas podem ser corrigidas o que vai permitir que o processo se torne estável. É a partir dessa estabilidade que se torna possível evoluir para ter a melhoria contínua.

Mas o que acontece se o processo não se tornar estável? Caso essa estabilidade não aconteça pode acontecer do processo não manter as melhorias que foram identificadas.

Isso é péssimo, pois ele se torna imprevisível e a antecipação dos riscos potenciais se torna impossível.

Como o CEP deve ser acompanhado?

O CEP deve ter um acompanhamento e existem diversas formas de fazer isso sendo que as mais comuns são:

  • Acompanhamento do comportamento do processo através das ferramentas estatísticas;
  • Auditorias;
  • Criar dispositivos que sejam a prova de erro e fazer o acompanhamento do seu desempenho;
  • Utilizar gráficos de controle para fazer o acompanhamento;
  • Mapear e digitalizar o processo (BPMs);
  • Fazer a formalização do processo no sistema de gestão da rotina.

Mas como isso pode ser feito? Primeiramente, é preciso determinar qual ferramenta será utilizada para fazer a coleta dos dados.

Em seguida, a amostra que será analisada deve ser definida para que seja feita a coleta dos seus dados. Isso pode ser feito com a folha de verificação.

Também é necessário fazer uma análise da base histórica daquele processo. Isso ajuda a verificar seu comportamento, o que é fundamental para a realização do cálculo da média e do desvio padrão dos dados que foram coletados.

Dessa forma, o Limite Inferior de Controle (LIC) e o Limite Superior de Controle (LSC) podem ser determinados.

Exemplo: LIC = média – 3 x (desvio padrão); LSC = média + 3 x (desvio padrão).

Após isso é preciso fazer um esboço dos limites e entre eles fazer a inserção da linha média utilizando os dados que foram analisados.

Qual a sua importância ?

Uma empresa detém diversos tipos de dados que ajudam a entender como ela se encontra naquele momento, como estava há certo tempo e como estará daqui a algum tempo.

O CEP é essencial para conseguir fazer a previsibilidade a partir do conhecimento obtido.

Caso a empresa não realize nenhum tipo de controle cada dia que chegar será uma novidade.

O processo pode ser feito de formas muito variadas e isso vai fazer com que os resultados obtidos sejam completamente diferentes.

Para evitar que esse tipo de coisa aconteça é essencial que a empresa busque padronizar o processo e ter mais previsibilidade.

A partir dessas duas ações os gestores conseguem ter mais segurança, o que é essencial para poder lidar com as causas comuns presentes nas variações.

Assim o processo se torna estável e pode ser obtido um padrão de qualidade. Isso vai acabar por beneficiar os clientes e não apenas a empresa.

Benefícios do processo se tornar previsível

Ao ter mais previsibilidade e estabilidade a empresa consegue obter os seguintes benefícios com o Controle Estatístico de Processo (CEP):

  • As falhas e as instabilidades que o processo possui podem ser identificadas rapidamente
  • Os custos com a produção sofrem reduções
  • A qualidade apresenta melhora e em contrapartida os erros são reduzidos
  • Os recursos e o tempo podem ser otimizados enquanto que as perdas e os retrabalhos são reduzidos
  • O processo passa a ser mais estável o que permite obter um melhor conhecimento dele e ainda pode auxiliar a manutenção do controle
  • A produtividade aumenta
  • Valor e confiabilidade passam a ser mais percebidos pelos clientes
  • O controle se torna mais eficaz e pode ser feito em tempo real
  • As mudanças, até mesmo as culturais, passam a ser oportunizadas por causa do conceito apresentado pela melhoria contínua
  • Os processos passam a ser padronizados independente da equipe apresentar rotatividade.

Como um processo deve ser medido ?

Para que um processo seja medido, primeiramente, é preciso estabelecer os indicadores-chave de desempenho que também são chamados de KPI.

Esses são atributos cujo monitoramento pode ser feito através de instrumentos de medição e sua relevância é enorme no processo.

Uma ferramenta que possui uma grande importância para realizar a medição do processo é a carta de controle.

Ela é um gráfico que é bem utilizado com o intuito de acompanhar as variações. Nesse gráfico encontram-se os limites de controle tanto superior quanto inferior.

São eles que servirão de referência para que seja feita a identificação da variação dentro do grupo das causas especiais ou comuns.

De posse do resultado das medições realizadas e do acompanhamento feito pelo gráfico é possível fazer o planejamento daquilo que deve ser feito. Mas, em mente, o conceito da melhoria contínua deve estar presente.

Como o Controle Estatístico de Processo deve ser analisado ?

Para que o Controle Estatístico de Processo (CEP) seja analisado, é preciso fazer uma avaliação das cartas de controle.

Essas cartas são um conjunto de pontos ou amostras que estão ordenados no tempo. Eles podem ser interpretados a partir da função de linhas horizontais que são o LSC e o LIC.

Quando se trata de dados que possuem distribuição normal ou quase normal é que essas cartas são elaboradas.

Elas são uma ótima ferramenta para realizar o monitoramento da variabilidade e a avaliação da estabilidade que o processo apresenta.

Por exemplo, quando as cartas de controle apontam que o processo somente está sujeito às causas comuns ele é considerado previsível e estável. Em outras palavras, o processo está sofrendo o controle estatístico.

Shewart desenvolveu a teoria estatística voltada para calcular os limites de controle. Ela possui como base a ideia da distribuição normal.

Nos casos que o processo é estável os dados presentes na amostra terão como resultado da probabilidade algo muito próximo a 100% de estar no intervalo que vai do -3 sigma ao +3 sigma.

Para que seja feita a constatação da não conformidade de um processo existem 5 testes que podem ser realizados.

Assim, torna-se possível indicar a potencial causa especial que está atuando no processo e qual a necessidade dos pontos investigados. Os testes são os seguintes:

Pontos que se encontram fora dos Limites de Controle

As linhas de controle LSC e LIC indicam a área que os pontos investigados devem se encontrar. Caso esses pontos estejam fora desses limites torna-se possível saber quais são através desse teste.

Periodicidade

Permite observar no gráfico a apresentação de uma curva que apresenta uma tendência repetida de ir para cima e também para baixo. Isso acontece nos intervalos de tempo que possuem amplitude similares.

Sequência

Com esse teste é possível observar que existem pelo menos sete pontos consecutivos que aparecem somente em um dos lados da linha da média.

Tendência

Neste teste observa-se se existem pelo menos sete pontos consecutivos que se apresentam em um movimento contínuo descendente ou ascendente.

Aproximação do limite de controle

Ao realizar esse teste observa-se se dois dos três pontos consecutivos ocorrem entre as linhas -2 sigma e -3 sigma ou entre +2 sigma e +3 sigma.

Com o gráfico de controle é possível conseguir fazer com que a variação do processo diminua cada vez mais.

Assim, a variação dos limites de controle também diminui e as causas da instabilidade podem ser analisadas.

Para conseguir encontrar as possíveis causas raízes podem ser utilizadas algumas ferramentas.

Alguns ótimos exemplos que podem ser citados são o diagrama de Ishikawa e o 5W2H que ajuda na elaboração dos planos de ação.

Como aplicar o CEP ?

Alguns passos precisam ser dados para que o CEP seja implementado em uma empresa.

Os passos básicos estão listados a seguir:

Alinhamento estratégico

O CEP deve ser implementado em decorrência da política da empresa, e não a partir da iniciativa pessoal do colaborador. É necessário que a alta administração esteja comprometida para que as ações deem certo.

Diretrizes definidas

A próxima etapa é a organização dos recursos humanos que a empresa possui. Assim os detalhes para a implementação do CEP podem ser planejados e executados.

É preciso definir os responsáveis, as equipes de melhoria e os facilitadores. Também deve ser feita a definição das atribuições que cada colaborador terá dentro do projeto.

Treinamento

O treinamento deve ser robusto para que sejam capacitados os funcionários em quantidade suficiente que seja conveniente a atuação nos processos do controle estatístico.

Definição dos KPI’s

É preciso levar em consideração as necessidades e particularidades atuais tanto da empresa quanto dos clientes.

Assim torna-se possível definir os principais indicadores que precisam de monitoramento. Ao analisar esses números é possível perceber se os processos possuem ou não estabilidade.

Coleta dos dados

O próximo passo é garantir que a empresa tenha a infraestrutura necessária para que os indicadores sejam monitorados de forma precisa e ágil.

Estabelecimento dos processos de melhoria

As ações para que as variações sejam reduzidas devem ser previstas. Assim, elas farão parte do processo de melhoria contínua atacando um problema, mas sem deixar de fazer ajustes para conseguir a perfeição.

Ferramentas gráficas

O Controle Estatístico de Processo (CEP) pode ser executado através de gráficos de controle.

São eles que ajudam a visualizar os dados e a tomada de decisões.

Alguns dos principais gráficos utilizados são:

Conclusão do CEP

Gostou do conteúdo? Com certeza você vai gostar dos demais conteúdos de nosso blog, fique à vontade para fazer suas pesquisas e aproveite também para conhecer os nossos treinamentos!

    3 replies to "Controle Estatístico de Processo (CEP): O que é e qual sua importância?"

    • Claudiano

      Excelente matéria.

      • Marcello Soares Gomes

        Muito obrigado Claudiano.

    • Jeferson carriel

      Me ajudou muito a desenvolver trabalho, de gestão de qualidade parabéns pela materia

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