Fordismo

Apesar de ser um conceito distante do que se pratica hoje em muitas das fábricas de grande performance, o Fordismo ainda é objeto de estudo ao redor do mundo.

Foto da fábrica de Ford com o Fordismo em prática
Fordismo

Isso porque muitos dos conceitos abordados dentro de sua filosofia central, emprestam conhecimentos que ajudam validar metodologias modernas.

Isso é possível por meio da observação do que funcionou ou não em uma empresa que se tornou referência em inovação e linha de produção.

A partir daí, profissionais modernos podem avaliar melhor as mecânicas para gestão de projetos, brainstorming e até storyboard para prever soluções a problemas complexos.

Sabendo disso, portanto, hoje nos aprofundaremos nos detalhes que permeiam este universo, mostrando como o conceito foi fundamental para a evolução observada atualmente.

Henry Ford e o Fordismo

Antes de entrarmos no conceito propriamente dito, precisamos falar de sua origem. Ela remete naturalmente ao próprio Henry Ford, fundador da empresa que leva seu sobrenome. Nascido em 1863, o empresário foi responsável por criar o sistema Ford de produção automobilística.

Devido a sua observação da necessidade de mudança, em um setor que vinha sendo inovado por sua própria companhia, ele estabeleceu uma doutrina regida por 3 princípios. Eles foram definidos como:

Intensificação – visa atribuir maior dinamismo ao tempo de produção;
Economia – destina-se a equilibrar a produção e os estoques de modo a evitar gastos desnecessários; e
Produtividade – foca-se em extrair o melhor de cada trabalhador no que diz respeito à mão de obra.

Conceito e representatividade do Fordismo

Introduzido o assunto, chegamos aqui ao ponto em que deixamos de lado o aspecto acadêmico do conceito, e embarcamos em uma jornada mais filosófica da coisa. Para isso, portanto, um bom ponto de partida é recorrer a Alain Lipietz e sua icônica definição do Fordismo.

A ideia por trás das afirmações de Lipietz, traz a ideia de que, no apogeu o conceito foi um ícone não só de industrialização, mas também de acumulação e regulação.

Parte desta interpretação pode ser obtida a partir de citações como:

“…combinação de formas de ajuste das expectativas, e do comportamento contraditório dos agentes individuais aos princípios coletivos do regime de acumulação…”.

Mas não é só isso. Ela ainda pode ser amparada por outros trechos maiores, e que traz uma visão até certo ponto polêmica, dependendo do ponto de vista. Um exemplo é o que se observa em:

“O paradigma industrial incluía o princípio tailorista da racionalização, juntamente com a constante mecanização. Essa ‘racionalização’ baseava-se na separação dos aspectos intelectual e manual do trabalho…”.

O ponto complementar pode ser visto ainda em:

“O conhecimento social sistematizado a partir de cima e incorporado ao maquinário pelos projetistas. Quanto Taylor e os engenheiros tailoristas introduziram esses princípios no começo do século XX, seu objetivo explícito era forçar o controle da administração sobre os trabalhadores”.

Partindo desse princípio, parece muito difícil tirar algo de positivo de um conceito como este, certo? Todavia, a verdade é que o aprendizado parte exatamente desse ponto.

Não obstante, podemos também recorrer a Zygmund Bauman, que ousa dizer que Fordismo ia muito à frente disso.

Retrato no cenário fabril

Concluído o processo filosófico, chegamos aqui no aspecto que mais atrai a atenção em estudos sobre o conceito. Estamos falando naturalmente do processo fabril em si e a aplicação do Fordismo dentro dessa realidade.

Um dos pilares de seu funcionamento prático, portanto, era a meticulosa separação entre diferentes características desejáveis nas rotinas e funcionalidades.

Isso inclui desde capacidade para projeto e execução, até iniciativa, atendimento a comandos, obediência, inventividade e determinação.

Uma aspecto interessante do empresário dentro desse contexto, foi aumentar consideravelmente os ganhos de seus trabalhadores. A ideia nesse caso, era acabar com a alta rotatividade de funcionários, o que impedia que a produção atingisse os níveis desejados.

Na ocasião, a célebre frase que até hoje é vista como um trunfo motivacional acabou sendo dita:

“…quero que meus trabalhadores sejam pagos suficientemente bem para comprar meus carros”.

No fim das contas, é claro que o número de trabalhadores que de fato conseguia adquirir um veículo não influenciava necessariamente no sucesso da empresa.

Todavia, é inegável que a citação foi bem articulada, e que funcionou dentro de um determinado período para, além do salário, motivar o pessoal interno.

Assim criou-se uma espécie de corrente invisível que mantinha os funcionários presos a seus lugares, o que acabou se tornando o grande fôlego do fordismo.

Na opinião de especialistas, o rompimento dessa corrente foi o divisor de águas, que por consequência deu início à decadência do modelo. Os trabalhadores queriam mais que dinheiro, queriam condições que lhes permitisse uma vida mais digna dentro do próprio trabalho.

Inovações do Fordismo

Embora não seja mais usual falar sobre o fordismo em se tratando de inovação, o fato é que ele teve sua cota de importância. A maioria dessas inovações, contudo, foi de natureza organizacional e técnica.

Entre os destaques, podemos citar a implementação das polêmicas esteiras rolantes. Elas facilitaram o processo de produção por levar parte dos produtos de fabricação até os funcionários.

Apesar disso, os trabalhadores acabaram se submetendo a rotinas desgastantes em função dos movimentos repetitivos.

Diante disso, os funcionários se viam limitados dentro de uma área específica, o que os impedia de atingir novas qualificações. Isso porque as demais etapas da produção acabavam desconhecidas para eles.

Como se não bastasse a falta de qualificação, a jornada de trabalho também era ferrenha, sem contar a ausência de direitos trabalhistas razoáveis.

Uma lição que pode ser tirada desse cenário, portanto, é que não basta inovar, é preciso que essa inovação seja funcional e atenda todas as demandas dos envolvidos. Foi a partir dessa compreensão, que com o tempo o padrão de vida da classe operária industrial se elevou.

Fordismo na atualidade

O conceito atualmente está praticamente morto. Considerando tudo o que foi dito até aqui, fica mais fácil compreender a razão da queda do fordismo.

A percepção é diferente daquela que surge a partir da observação dos livros de engenharia de produção que se focam na racionalização do trabalho.

Nesse caso, podemos entender perfeitamente a razão da sátira brilhantemente esboçada por Charlie Chaplin em “Tempos Modernos”.

Os trabalhadores tinham razão para trabalhar, mas não necessariamente as condições que mereciam, ou seja, ficavam amarrados aquela condição.

Com a evolução do cenário fabril e surgimento de novos conceitos, felizmente o jogo virou em muitos setores. Dessa forma, a realidade é um tanto quanto oposta à da época da ascensão do fordismo.

Isso porque, se outrora o conceito servia para justificar o engajamento dos trabalhadores dentro da empresa, hoje ele acaba gerando uma alta rotatividade.

A razão é simples: os funcionários não trabalham hoje apenas pelo dinheiro, mas sim para melhorar a qualidade de vida de modo geral.

Diante disso, se uma empresa não oferece as condições mínimas, é natural que o colaborador busque alternativas que lhe atende melhor.

O perfil do profissional moderno

Em meio ao contexto atual do mercado de trabalho, o profissional moderno se sente mais confortável para decidir o que fazer de sua carreira. Isso ocorre porque uma série de metodologias modernas foram implementadas ao longo dos anos nas organizações.

Um exemplo disso, são os casos do Lean Seis Sigma e suas faixas fundamentais, como Green Belt e Black Belt.

Buscando a certificação dentro desses treinamentos, um trabalhador pode lidar com gerenciamento de projetos em alto nível, e melhorar sua formação como indivíduo.

Isso ocorre porque, uma pessoa formada nesse método, basicamente aprende a aprender. Isso significa que não ficará preso na atuação em apenas uma frente, podendo atender a diferentes projetos.

Para sua carreira isso é fantástico devido ao leque de possibilidades que se desenha. Do outro lado, para as organizações esse profissional é fundamental em função do que pode agregar às marcas em termo de resultado concreto.

Vale destacar, no entanto, que para tirar proveito desse novo cenário, as marcas devem se atentar à realidade atual. O primeiro ponto a considerar, portanto, é que dobrar salários e elevar bônus, como ocorria no fordismo, já não é o bastante.

O profissional que é capacitado para colaborar em alto nível, precisa de mais que um bom plano de carreira. Ele necessita acima de tudo, de um ambiente que o estimula ao crescimento rápido e oferece novas oportunidades de maneira recorrente.

Em resumo, portanto, podemos dizer que o trabalhador do século XXI é movido a desafios.

Fordismo e Toyotismo

Linha de produção da Ford com o conceito do fordismo

Essa nova realidade esmiuçada no último tópico, é parte de uma evolução que deu os primeiros passos a partir de uma mudança de paradigma na década de 70.

Na ocasião, o fordismo com seu conceito começou a ser substituído pelo toyotismo, que como o nome sugere, foi criado e implementado pela Toyota, passando a se chamar Sistema Toyota de Produção depois de um tempo.

Diferente do conceito de Henry Ford, o toyotismo se baseia no pilar da responsabilidade individual para resultados coletivos.

Isso significa que os funcionários recebem a especialização e o tratamento condizente com a realidade do mercado, mas são responsáveis pela qualidade do que é produzido.

Além disso, outra diferença fundamental vem da ideia que rege todo o conceito: a de demanda vs oferta.

Nesse caso, a fabricação acompanha a demanda, e não o oposto. Assim há uma sistemática economia na armazenagem de matéria-prima e prevenção contra excedente de produção.

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